terça-feira, 24 de junho de 2014

A evolução dos conceitos da Administração nas últimas décadas - 1970 a 1990 - Parte I

Os cenários empresariais evidenciam que o formato do emprego atual, da carteira assinada, será cada vez mais escasso. A partir da última crise da economia mundial, o que já era bastante claro ficou mais claro ainda: é preciso fazer mais com menos!

A era de torneiras abertas acabou. Qualquer investimento feito hoje será muito bem avaliado na relação custo/benefício/retorno. E é essa relação que tem a chave do cofre de onde sairão os projetos.
Vamos analisar a evolução da Administração nas últimas décadas e refletir sobre as mudanças provocadas e, principalmente, como nos saímos desde então.

O texto a seguir foi construído em cima de uma matéria da Revista Exame do ano de 2001.

A evolução dos conceitos da Administração nas últimas décadas

Reengenharia, Downsizing, Benchmarking, Qualidade total, Tecnologia da Informação, Gestão do Conhecimento. Eis alguns dos conceitos, fatos e até enganos que marcaram a trajetória da administração e dos negócios nas ultimas três décadas.

Nas ultimas décadas, homens (muitos) e mulheres (ainda poucas) de todo o mundo vêm tentando o que muitos consideram impossível: transformar a gestão dos negócios numa espécie de ciência. Nestes 30 anos, uma infinidade de teorias e de teóricos surgiu. Algumas teorias marcaram época, mudaram rumos, transformaram a vida das empresas e, sobretudo, das pessoas que fazem o mundo dos negócios. Muitas provaram ser erradas e absurdas. Algumas foram mal compreendidas. Todas, de alguma forma, fazem parte da historia recente das corporações.

Nos anos 70 e 80, essas estórias retratam a busca pela melhoria da produtividade. É uma era marcada pelo kanban, celebrizado no sucesso da japonesa Toyota, e pelo surgimento de estruturas hoje banais, como as centrais de distribuição. Peter Drucker, o pai da administração moderna, foi o primeiro a vislumbrar o que viria depois, nos anos 90: as teorias se voltam para bens intangíveis, como a gestão do conhecimento e o relacionamento com os clientes. É também a decada dos gurus e do culto a grandes executivos, cuja personificação máxima é Jack Welch, o homem que durante 20 anos comandou a GE, e do domínio da tecnologia. Para onde olhar daqui para frente? Muito provavelmente, para as pessoas. Os trabalhadores do conhecimento serão avaliados e valorizados de acordo com sua habilidade de criar, imaginar, julgar e construir relacionamentos.

1970

- O conceito da teoria das filas, técnica criada pela indústria americana para calcular o aumento da capacidade de produção, quando a ociosidade se aproxima de 10%, chega ao Brasil.

- Saldo de caixa negativo é a maior ameaça ao prestigio de administradores financeiros. Para ajudá-los, os americanos criaram um método simples, o cash flow. Surge o velho e bom fluxo de caixa.

1975

A primeira entrevista de Exame com Peter Drucker, o pai da administração moderna, então um jovem de 65 anos, feita em sua casa, em Claremont, na Califórnia. Durante a entrevista, vez por outra um despertador tocava. Era hora de Drucker regar as roseiras de seu quintal. Um de seus ensinamentos tornou-se uma espécie de mandamento permanente do capitalismo: “O mercado é definido pela demanda, não pela oferta”. Em outra passagem, ele alerta para o surgimento da globalização: “Todos os homens de negócios tem de estar atentos ao fato de que existe uma economia mundial, por mais local e restrito que seja o mercado de seus produtos”.

1977

A diversificação surge como alternativa para o crescimento. Duas décadas depois, o termo estaria praticamente enterrado. A palavra de ordem passaria a ser o foco.

1978

É o início da disseminação do conceito de planejamento estratégico, divulgado pelo consultor americano Igor Ansoff.

1981

A análise de valor, um método para eliminar custos supérfluos na elaboração de produtos, torna-se popular entre as empresas brasileiras.

1982

A ABB publica o segundo balanço social no país, numa época marcada por greves e pela tensão nas relações entre sindicatos e empresas. Plantava-se a semente do que viria a ser conhecido como responsabilidade social corporativa.

O desempenho de empresas japonesas como Toyota e Sony ajudam William Ouchi, professor de administração da Universidade da Califórnia, a vender mais de 1 milhão de exemplares do livro Teoria Z, traduzido em 13 idiomas, e a ministrar palestras em todo o mundo, inclusive no Brasil. O conceito prega a criação de empresas Z – nascidas no Ocidente, mas com características da gestão japonesa, como emprego duradouro e responsabilidades coletivas.

Dois obscuros funcionários da McKinsey, Tom Peters e Robert Waterman, inauguram a era dos gurus da administração com o lançamento do livro In Search of Excellence (traduzido no Brasil como Vencendo a Crise). Cinco milhões de exemplares foram vendidos em tempo recorde. Os executivos estavam ávidos por conhecer as razões do sucesso das companhias mais bem administradas dos Estados Unidos. A IBM, que tempos depois quase iria à falência, era onipresente em suas páginas. Quase 20 anos depois, Peters viria a público para dizer que havia falseado alguns dados presentes no livro. O que o mais espalhafatoso dos gurus não faz para continuar na berlinda. . .

1983

O artigo “O que muda (e o que se ganha) com o kanban” apresenta a prática japonesa do just-in-time, que até hoje ajuda a reduzir estoques nas fábricas. A busca por produtividade se transformaria em febre.

1984

Os pallets – esses banais recursos das linhas de produção – são usados por apenas 30% das empresas brasileiras.

1988

A qualidade total surge como uma religião no meio corporativo. O Japão, país que quase destruiu a indústria automobilística dos Estados Unidos, é sua meca. E os americanos W. Edwards Deming e Joseph Juran, seus grandes missionários. Seu mantra, nunca contestado desde então: “Fazer certo desde a primeira vez”.
  
1990

A administração participativa é abordada numa reportagem de capa da Revista Exame. Aparecem os primeiros sinais de que as fronteiras internas cairiam e de que o poder nas empresas sairia das mãos de indivíduos para as de grupos de trabalho

Leia a Parte II

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem, da discussão nasce a sabedoria!