terça-feira, 26 de setembro de 2017

Avaliação de Desempenho - O que será que o RH quis dizer? Não entendi!

Nos bastidores do mundo corporativo é comum você ouvir que qualquer ação de avaliação de pessoas está sujeita a críticas devido à subjetividade do processo. Quando você ouve nos corredores que os avaliadores dão notas segundo o seu ponto de vista e sua interpretação dos critérios de avaliação e classificação e isso pode gerar injustiças, algo não vai bem. Agora, por que você ouve isso? Está claro que o RH não cumpriu todas as etapas de formulação e validação do sistema e não realizou uma oficina de trabalho para treinar e desenvolver adequadamente tanto a metodologia quanto os avaliadores.

 Em muitas instituições os avaliadores recebem um modelo pronto com informações básicas sobre as competências a serem avaliadas, uma breve descrição e uma régua escala de avaliação.

Competências mal descritas geram interpretações diversas

A competência “Capacidade de se adaptar em qualquer ambiente”, por exemplo. Na descrição da competência recebida pelo avaliador não há qualquer destaque objetivo para a expressão “qualquer ambiente”. Aí vem a indagação: “Como vou saber se o José é capaz de se adaptar a diversos ambientes se só foi possível observá-lo em um?". Será que o RH não quis dizer que “qualquer ambiente” significa trabalho sob pressão, atendimento à demanda, picos de produção, por exemplo?

A redação de uma competência (fator de avaliação) e suas variantes, em um sistema de avaliação de desempenho, não pode dar margem a qualquer tipo de dúvida ou interpretação. Exatamente igual às perguntas e resposta alternativas de uma prova de vestibular. Pode ocorrer de um modelo “emprestado” da empresa vizinha, academicamente perfeito, não emplacar devido à existência de uma competência não aplicável em sua empresa. Passou desapercebido por quem tomou emprestado!

Maior visibilidade e transparência nos modelos de avaliação de desempenho e nas oportunidades de crescimento individual são fatores importantes na busca da sinergia necessária para romper preconceitos e promover mudanças através do conhecimento necessário do ambiente onde as decisões e ações ocorrem. Por isso, ao formular seu modelo, pense no desenvolvimento de uma cultura voltada para resultados e para o planejamento do crescimento profissional do funcionário.

Agora pense nos objetivos a serem atingidos pelo seu modelo

- Fortalecer as relações dentro das equipes de trabalho e tornar mais clara a contribuição individual esperada,

- Incentivar o diálogo da chefia com o subordinado sobre seu desempenho,

- Proporcionar às chefias um instrumento de análise global de suas áreas,

- Obter informações sobre o comportamento profissional do avaliado durante o seu desempenho no trabalho,

- Comparação entre o que se espera e o que foi alcançado,

- Identificar necessidades de capacitação e desenvolvimento individual e por área,

- Fornecer informações para o sistema de progressão funcional e movimentação de pessoal,

- Reconhecer talentos e contribuir para maior integração das necessidades e aspirações do funcionário com os objetivos e aspirações da instituição.

Qualquer metodologia de avaliação de desempenho, quando mal estruturada e mal trabalhada, pode gerar uma sensação de desconforto nos avaliadores e avaliados.

Instaure uma oficina de trabalho onde, a área de RH e os Gestores e colaboradores convidados (dotados de profundos conhecimentos da cultura e dos valores da instituição), selecionem as competências a serem medidas (as essenciais e as específicas), discutam a metodologia, os critérios de ponderação e o desenho dos questionários. Tal medida visa garantir a legitimidade do modelo, a qualidade do processo e o alinhamento com a natureza e negócio da instituição. Se o RH preferir ser participante na Oficina, para se igualar aos "avaliadores", contrate um especialista para o processo!

Em contra partida à “velhice” dos sistemas convencionais de avaliação de desempenho, no início dos anos 90, surgiu nos Estados Unidos um conceito no qual todos os elementos são envolvidos de forma integrada, em substituição ao tradicional modelo um a um. Esse novo conceito ficou conhecido como Avaliação de Desempenho – 360 Graus.

Fundamenta-se como ferramenta de gestão de pessoas, utilizada para coletar informações do ambiente interno e externo de uma instituição, com a finalidade de levantar percepções de desempenho e relacionamento sob diferentes pontos de vista de uma equipe de trabalho. É um processo no qual um indivíduo é avaliado por seu superior, pelos seus pares, por si próprio e algumas vezes, até por clientes.

A metodologia estabelece um diagnóstico focado em diversidade de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes), identidade da tarefa, autonomia e retorno (grau em que um funcionário recebe informações diretas e claras a respeito do seu desempenho, monitorando o conhecimento que uma pessoa tem dos reais resultados que alcançou com seu trabalho). Comparação de resultados de avaliações feitas por colegas de trabalho, sob o ponto de vista deles, pode atingir uma percepção mais intensa dos nossos atos e suas consequências, positivas e/ou negativas, sobre os outros e sobre a instituição. A aplicação por si só de um modelo 360 graus, sem o devido preparo da equipe a ser monitorada, pode trazer implicações sérias de relacionamento. Cada membro da equipe deve estar preparado para dar e receber críticas sem constrangimento e sem auto defesa. 

Esse modelo mexe com a cultura, a união e o “in statu quo ante bellum" (estado em que se estava antes da guerra) da equipe. O modelo 360 graus, além dos cuidados acima, pode tornar-se algo excessivamente burocrático. Para não implantar “modelos de papel” e ficar um longo tempo à disposição do modelo, existem softwares que facilitam a vida do RH. Mesmo assim, em uma equipe de vinte funcionários, incluindo-se aí o gestor, imagine quantos questionários terão que ser processados e analisados! 

Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de RH Independente

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Paixão pelo que faz. Não esse mimimi de paixão por pessoas!

Paixão por Pessoas! Esse slogan adotado com frequência pela nova geração de profissionais de recursos humanos já deu. Em minha opinião, absurdamente fora de contexto. Paixão por Pessoas é slogan de campanha política ou propaganda de clínicas psicológicas.

O que o RH deve pensar, ao invés de passar horas criando novos slogans que sustentem a área, é a criação e manutenção de cenários que favoreçam o desenvolvimento profissional e pessoal do trabalhador para que o mesmo tenha paixão pelo que faz.

Paixão pelo que faz é o que diferencia o êxito de uma empresa. 
Não esse mimimi de paixão por pessoas.

Paixão pelo que faz sustenta a contratação de colaboradores com alto potencial de êxito, assegura que estes colaboradores recebam o monitoramento necessário para desenvolver este potencial, define um sistema de avaliação para fornecer a retroalimentação necessária para alcançar um desenvolvimento excelente e permite focar nos conhecimentos, habilidades e atitudes que os colaboradores necessitam para alcançar os objetivos da empresa.

Todo argumento para legitimar novidades costuma começar com a frase “o mundo mudou”! É fácil, rápido e sem contestação. O mundo mudou e pronto. Vida nova nas empresas! Paixão por Pessoas! 

Basta sua empresa ter que demitir uma leva em um momento de crise, como a que estamos vivendo, que lá se vai a paixão por pessoas. Há algum tempo, uma grande multinacional localizada no interior de São Paulo, ganhou o honroso primeiro lugar daquela brincadeira “Best Place to Work”.  Não deu três meses, foi obrigada a demitir metade de sua planta. Também houve uma época que um prêmio nacional de melhor trabalhador do Brasil era muito divulgado. O ganhador ia a Brasília receber o troféu das mãos do Presidente da República. Lembro de um que poucos meses depois foi demitido.

Portanto, vamos acabar com esse negócio, arregaçar as mangas e começar a trabalhar sério

O RH deve ser, essencialmente, um Facilitador (termo emprestado dos processos de gestão da qualidade) e possuir inteligência aguçada para todas as coisas.  Deve fazer do conhecimento sua maior competência e estar sempre disposto à aquisição de novos saberes, à ampliação da criatividade sustentável e à percepção de novas oportunidades. Novos saberes podem propiciar a reformulação de conhecimentos anteriores mal estabelecidos. Deve participar ativamente da ampliação da competitividade de sua empresa. Deve romper com passados mal resolvidos que não retornarão mais. E, vamos em frente! Vida que segue!

Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Independente

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Você não pode ficar frustado se não ganhou uma competição. Por algum motivo você perdeu...

Tempos atrás li em uma rede social uma postagem de um palestrante que dizia: "Você tem que ser sempre o primeiro, o segundo lugar não vale nada, o segundo lugar significa o primeiro dos perdedores, nunca se conforme com o segundo lugar, seja sempre o vencedor". Essas palavras vinham acompanhadas da foto do palestrante em ação com os braços levantados, como se empunhasse uma espada, em uma de suas palestras.

Assistir uma palestra motivacional com esse teor de agressividade pode surtir um efeito contrário ao que você vem buscando. O princípio do vencedor é um dos baluartes da sociedade americana e, tecnicamente, só vale quem ganha. Essa é uma das razões porque o futebol não fez muito sucesso por lá. No futebol pode ocorrer “empate”, portanto há jogos sem vencedores e isso não serve lá. Sempre tem que haver um ganhador.

Outro exemplo são os filmes de Hollywood. Os soldados americanos que perderam a guerra do Vietnã, na qual muitos morreram, não foram vistos com bons olhos e nem bem recebidos quando acabou a guerra. Bom exemplo é o primeiro filme da série Rambo e Franco Atirador.

Logo após a crise financeira dos Estados Unidos que começou com a quebra do Banco Lehman Brothers, um articulista de lá escreveu um artigo abordando a influência dos gurus e dos livros de auto ajuda na quebradeira geral.

O articulista afirnava que que de tanto ouvir falar "Você pode", "Você tem competência", Você tem que pensar como vencedor", "Você tem que sempre pensar grande", Você merece" e por aí vai, muitos e muitos americanos partiram para a compra generalizada de imóveis e veículos. O final dessa estória você bem lembra.

Concordo que é estimulante assistir palestras motivacionais de esportistas vencedores em suas áreas de atuação. A psicologia nos ensina que é comum a projeção da realização pessoal através do sucesso dos nossos ídolos. Porém, lembre-se que pode bastar apenas uma derrota, para que toda a construção de sua carreira de sucesso venha abaixo, não importando suas vitórias passadas. "Foi excelente em todos os jogos do campeonato, porém sofreu um gol no jogo decisivo". Muitas carreiras de bons goleiros terminam assim.

Você não pode ficar frustado se não ganhou uma competição. Por algum motivo você perdeu. Sua trajetória profissional não pode ser esquecida por causa de uma derrota, por causa de um segundo lugar ou por causa de uma promoção que não saiu. Siga em frente. 

Vencedor é só um. Se sua empresa tem dez gerentes, são só dez gerentes. Se tem cinco diretores, são só cinco diretores.. Procure não se iludir com palestras que apontam sempre para sonhos que não são seus ou, simplesmente, que não existem!

Todo mundo tem seu limite de competência. Ao atingir o seu, continue sendo feliz fazendo bem feito aquilo que gosta! Todos temos limites de competência. Saber utilizá-los a nosso favor é o que conta. É uma lei natural da vida, não uma catástrofe!

Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos
Independente

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

10 Lições de Liderança do Bope - Batalhão de Operações Policiais Especiais

O Bope é uma tropa de elite da polícia do Rio de Janeiro, chamada em situações em que os pelotões normais da PM não conseguem resolver o conflito. Por causa da dificuldade, cada trabalho do Bope sempre é chamado internamente de missão.
"Os momentos de crise exigem mais da gente. Missão exige sacrifício. Transforme seus objetivos em missões para alcançá-los".

Veja as dicas para formar um time qualificado e bem-sucedido na sua empresa:

1 – Seja transparente e objetivo: Explique claramente qual é o trabalho e deixe que as pessoas decidam se querem participar dele ou não.

2 – Mostre o valor do trabalho: Apenas enxergando o valor daquela tarefa é que as pessoas vão se dedicar o suficiente para alcançar os resultados desejados.

– Tenha voluntários: Todos os membros do Bope são voluntários. Eles correm mais riscos no seu trabalho e não recebem a mais por isso. Voluntários se dedicam mais, pois estão ali porque querem, ou seja, veem o valor do trabalho ou se identificam de alguma maneira com a causa. Isso aumenta o comprometimento.

4 – Faça uma seleção rígida: Escolha os funcionários por sua qualidade técnica, experiência e, principalmente, pela determinação. Ela fará com que a equipe coloque as ações em prática.

5 – Prepare a equipe: mobilize e capacite seus funcionários: Defina o papel e a importância de cada um, exaltando o time. "Se tiver alguém desmotivado, ele puxa os outros para baixo. Da mesma forma, se tiver alguém interessado apenas em fazer sua parte, ele pode passar por cima de outros para isso, desestabilizando a equipe".

6 – Faça um planejamento: Elabore um plano de ação para atingir o resultado esperado para a missão. Tenha estratégias e táticas.

7 – Tenha um plano B: O plano ideal dificilmente é executado, geralmente por limitações de tempo e financeiras. Por isso, tenha caminhos alternativos que levem ao objetivo.

8 – Execute o plano com excelência: Define excelência como "o melhor desempenho, com máxima segurança e mínimo esforço, ou seja, sem desperdício".

9 – Tenha um padrão de qualidade: O padrão de qualidade não deve ser baseado no melhor integrante da equipe e, sim, no pior. Afinal, se ele faz parte da equipe, deve ser considerado.

10 – Avalie resultados e aprenda: Confirme as ações positivas e corrija as que deram errado. No treinamento, há um tanque de água gelada para onde os soldados vão quando fazem alguma atividade errada. "Lá, eles têm duas opções: pedir para sair do Bope ou voltar para a atividade, correndo o risco de retornarem ao tanque se errarem de novo. O que parece uma punição é, na verdade, uma superação, pois quando saem do tanque molhados e gelados, eles se dedicam com muito mais energia para a missão".

Paulo Storani, 51, foi capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) do Rio de Janeiro de 1994 a 1999. Mestre em antropologia, pós-graduado em administração pública e em gestão de recursos humanos, hoje ele dá palestras sobre como construir equipes de alto desempenho baseado nos métodos de treinamento do Bope.


sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Uma nova era desponta para os recursos humanos!

Ao ler o título deste artigo você deve ter pensado que trata-se de mais uma apoteótica mensagem do "novo RH". Aliás, "novo RH" é a frase mais utilizada desde há 20 anos e por aí vai.
 Acontece que o "novo RH" nunca sai de moda porque nunca existiu de fato. Não sei se por resistência, comodismo ou preguiça de pensar no novo. Mesmo que de novo. A Sra. Vicky descreve com muita clareza e objetividade o que deve ser feito doravante, não importando há quanto tempo deveria ter acontecido o "novo RH".

As áreas de recursos humanos no Brasil precisam passar por uma grande transformação urgentemente. E, ao que tudo indica, bons movimentos podem começar a acontecer a partir de 2013.
Neste início de ano, participei de dois importantes fóruns com profissionais desse segmento e foi unânime a constatação de que os atuais modelos estão esgotados e ultrapassados.

As mudanças que estão ocorrendo na sociedade precisam ser inseridas dentro do contexto das empresas pelos profissionais de RH, que podem e devem ser, por dever de ofício, os tradutores destas transformações para as discussões estratégicas.

A verdade é que os sistemas de gestão de pessoas são os mesmos há décadas. Os treinamentos, avaliações e pesquisas de clima são feitos da mesma forma há décadas. Ainda são pesquisados os fenômenos do passado, como a relação chefe x subordinado, sem levar em conta o novo cenário em que vivemos.

Eu acredito que estamos prestes a ter problemas de relacionamento entre as pessoas e as organizações no nível que tivemos com os sindicatos nos anos 70 - só que, desta vez, o interlocutor já não é mais apenas o sindicato. Surgiram novos atores dentro da chamada rede de stakeholders influenciando o universo corporativo, como as lideranças locais mobilizadas por fenômenos como as redes sociais e a internet. Os estragos podem ser infinitamente maiores.

O radar dos profissionais de recursos humanos, que na maior parte das vezes ficou restrito ao ambiente interno, precisa captar o que está acontecendo no macro ambiente social. Há diversos fatores que não estão sendo observados. Qual será o impacto da classe C e D que ascendeu na esfera de consumo, dentro do modelo de gerir pessoas nas organizações? Qual é a relação entre a violência externa que vivemos nas grandes cidades e a violência dentro do ambiente de trabalho refletida em questões como assédio moral, maus tratos entre chefes e subordinados ou más relações entre pares?

Outro fator importante: nos próximos 20 anos haverá uma transformação no mercado de trabalho no Brasil com o envelhecimento da população e entrada de menos jovens no mercado e, consequentemente, em posições de liderança. Teremos um número grande de pessoas na faixa dos 60 a 80 dentro das empresas em plena atividade.

*Vicky Bloch é professora da FGV, do MBA de recursos humanos da FIA e fundadora da Vicky Bloch Associados

Leia o artigo na integra

http://www.valor.com.br/carreira/2988316/uma-nova-era-desponta-para-os-recursos-humanos?goback=%2Egde_3822206_member_209587053#ixzz2JTbsoK26