terça-feira, 31 de outubro de 2017

Quem cuida de gente?

A dúvida de como deveríamos chamar começou com o lançamento do livro Reengenharia, em 1993.

Daí surgiu aquela leva de chatos corporativos embalados na questão que humanos não são recursos.  

Alguns anos mais tarde, a própria reengenharia reviu a si mesma, mas na época teve seu grande mérito que foi provocar o pensamento, provocar a discussão e provocar o debate num mundo absolutamente sem sal e sem graça. O mundo corporativo.

À época, Peter Drucker disse “A reengenharia é o novo e precisa ser realizada”. Segundo seus autores, reengenharia significa jogar fora os sistemas antigos, começar tudo de novo e inventar uma maneira melhor de fazer o trabalho. O novo perfil de gestão deveria monitorar não apenas o que os gerentes sabem e fazem, mas também, como pensam. Não só a forma como vêem o mundo, mas também, a forma como vivem no mundo. Também, à época, consultores alertaram que o processo puro e simples de reengenharia poderia conter armadilhas. Pode-se cair no erro de esquecer o lado humano da empresa. Há, o lado humano da empresa!

Como deve se chamar a área que “cuida de gente” nesse novo processo? 

Primeiro, as empresas não cuidam de gente. Cuidam de trabalhadores que são remunerados em troca de produção e serviços em conformidade com os padrões de qualidade determinados. Os trabalhadores devem cumprir bem seu papel. 

Cuidar de Gente é slogan de campanha política.  Gestão de Pessoas, Gestão de Talentos, Gestão de Desenvolvimento Humano, Gestão do Capital Humano, Diretoria de Gente e Gestão, Diretoria de Pessoas e Organização e outros tantos nomes em debate pelo pessoal da área em discussões acirradas. Enquanto isso, no andar de cima, as outras áreas discutiam o planejamento estratégico para o próximo ano. 

Uma ideia bobinha foi chamar a área de Gestão de Talentos. Qual será o discurso da empresa quando, em um momento de crise, dispensar uma leva de talentos? Gestão voltada para retenção de talentos é outra coisa. Cria-se um projeto interno para identificar, motivar, desenvolver e reter trabalhadores com potencial de crescimento profissional e pessoal e de interesse para a empresa. Isso é verdadeiro. Um dia eles irão embora mas o projeto fica!

Não importa o nome que deem à área que “cuida de gente”, o fato é que, dentro da realidade empresarial, as pessoas serão sempre recursos. O RH deve contribuir na construção de cenários que facilitem e contemplem a motivação e o desenvolvimento pessoal e profissional. Esse é o verdadeiro papel. O Gestor de RH trabalha para o capital e deve agregar valor à empresa. Está mais do que na hora a área do RH, de forma regular, rever conceitos e customizar sua atuação sem extremos de preciosismo e tecnicismo desnecessários. Com conhecimento de causa e efeito.

 Carlos Alberto de Campos Salles
Consultor de Recursos Humanos

 Independente

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